sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Carta de um filho, a TODOS os Pais do Mundo

Não me dês tudo o que te peço.
Às vezes, peço apenas para saber qual é o máximo que posso obter.

Não me grites.
Respeito-te menos quando o fazes e ensinas-me a gritar também.
E eu não quero fazê-lo.

Não me dês sempre ordens.
Se em vez de dares ordens, às vezes me pedisses as coisas com um sorriso,
eu faria tudo muito mais depressa e com gosto.

Cumpre SEMPRE as promessas, boas ou más.
Se me prometeres um prémio, dá-mo;
mas, faz o mesmo se for um castigo.

Não me compares com ninguém, especialmente com o meu irmão ou irmã.
Se me fizeres sentir melhor que os outros, alguém irá sofrer;
e se me fizeres sentir pior que os outros, serei eu a sofrer.

Não mudes tão frequentemente de opinião acerca daquilo que devo fazer.
Decide e depois, mantém essa decisão.

Deixa-me desembaraçar sozinho.
Se fizeres tudo por mim, eu nunca poderei aprender.
Não digas mentiras à minha frente;
nem me peças que as diga por ti, mesmo que seja para te livrar de um sarilho.
Fazes com que me sinta mal e perca a fé naquilo que me dizes.

Quando eu fizer alguma coisa mal, não me exijas que te diga a razão porque o fiz.
Às vezes, nem mesmo eu sei.

Quando estiveres errado, admite-o e será muito melhor a opinião que terei de ti.
Assim, ensinar-me-ás a admitir os meus erros também.

Trata-me com a mesma amabilidade e cordialidade com que tratas os teus amigos.
Lá por sermos família, não quer dizer que não possamos ser também amigos.

Não me digas para fazer uma coisa que tu não fazes.
Eu aprenderei aquilo que tu fizeres, ainda que não me digas para fazer o mesmo;
mas nunca farei o que tu me aconselhas, mas não fazes.

Quando te contar um problema meu, nunca me digas:
« não tenho tempo para tolices », ou « isso não tem importância ».
Tenta compreender-me e ajudar-me.

E gosta de mim.
E DIZ-ME, que gostas de mim.
Agrada-me ouvir-te dizer isso, mesmo que tu não aches necessário dizê-lo.

( autor desconhecido )

sábado, 5 de janeiro de 2008

Viola violada

Viola violada
(JMCB)

Eu sou a viola violada
sempre muito bem afinada,
e tenho uma caixa ressonante,
que dizem ser muito elegante.

Eu sou a viola violada,
sempre muito bem encordada,
e adoro os dedilhados,
de certos dedos danados.

Eu sou a viola violada,
e tenho um som harmonioso.
Sinto tamanho gozo,
quando me vejo tocada.

Eu sou a viola violada,
e um dia me vi apaixonada
por um elegante violão,
que tinha um lindo bordão.

Eu era a viola violada,
pois o meu marido violão,
era um instrumento muito machão,
e proibiu-me de ser tocada.

Pequeno mundo maravilhoso

Pequeno mundo maravilhoso
(JMCB)

Pequeno ser pleno de pureza,
amor, perdão e clemência.
Espírito protector da Natureza,
despido de ódio e violência.

Pequeno mundo maravilhoso,
desprovido de rancor, ambições,
fronteiras e etiquetas sociais,
e que de amor nos dás lições.

Recordemos esse mundo maravilhoso,
que habita dentro da criança que fomos.
E desfrutemos com enorme gozo,
desse humilde ser que ainda somos.

Tu que ignoras a exploração
do homem pelo homem,
e estranhas com admiração
os que o amor temem.

Ignoras guerras e insultos,
apesar do adulto não entender,
as tuas possibilidades de perceber
a incapacidade e maldade dos adultos.

Recordemos esse mundo maravilhoso
que habita dentro da criança que fomos.
E desfrutemos com enorme gozo,
desse humilde ser que ainda somos.

E talvez pensem

E talvez pensem
(JMCB)


Quando um trovão seco de um tiro
soa nos bosques maninhos,
depois de um profundo suspiro,
tremem as aves nos seus ninhos.

E talvez pensem, desesperadas,
num pai, num filho, trementes...
Talvez nas doces amadas,
que estão dos ninhos ausentes.

Quando um silvo frio de um arpão,
disparado por um potente canhão,
soa sobre águas e sob ares,
tremem cetáceos por esses mares.

E talvez pensem, coitados,
numa baleia, num golfinho, tremulantes.
Talvez, nos parentes amados,
que estão deles distantes.

Vasto Manto Azul

Vasto Manto Azul
(JMCB)

Vasto manto azul,
guardador de mistérios.
Pensamentos aéreos,
desde Norte até Sul.

Mãe dessa Natureza,
és casulo e leito,
protegendo com jeito,
vidas de rara beleza.

Mas há quem de ti queira fazer
o maior caixote de lixo deste mundo.
E quem, a matar tenha prazer,
a vida que se abriga no teu fundo.

Paisagens doces e puras.
Musa de inúmeros poetas.
Batalhas e aventuras.
Pista de várias metas.

Fonte de pura medicina.
Alimento para várias bocas.
Sonhos, ideias loucas.
Desejo, prazer, sina.

Mas há quem de ti queira fazer
o maior caixote de lixo deste mundo.
E quem, a matar tenha prazer,
a vida que se abriga no teu fundo.